Para aqueles que ainda tem algumas dúvidas sobre a
utilização da crase, este artigo, tirado do site Só português, fará com que
compreensão de vocês sejam bem ampliadas.
A palavra crase é de origem grega e significa
"fusão", "mistura". Na língua portuguesa, é o nome que se
dá à "junção" de duas vogais idênticas. É de grande importância a
crase da preposição "a" com o artigo
feminino "a" (s),
com o pronome demonstrativo "a" (s), com o "a"
inicial dos pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e com o
"a" do relativo a qual (as quais). Na
escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave, depende da compreensão da
fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendimento da crase,
dominar a regência dos verbos e nomes que exigem a preposição "a".
Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a
ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe:
Vou a a igreja.
Vou à igreja.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição
"a", exigida pelo verbo ir (ir a algum
lugar) e a ocorrência do artigo "a"
que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse
encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento
grave. Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto
(conhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-se a algo
ou a alguém) e exige a preposição "a".
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita
o artigo feminino "a" ou um dos
pronomes já especificados.
Há duas maneiras de verificar a existência de um
artigo feminino "a" (s) ou de um pronome demonstrativo "a" (s) após uma
preposição "a":
1- Colocar um termo masculino no lugar do termo
feminino que se está em dúvida. Se surgir a forma ao,
ocorrerá crase antes do termo feminino.
Veja os exemplos:
Conheço "a" aluna. / Conheço o aluno.
Refiro-me ao aluno. /
Refiro-me à aluna.
2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição a
por outro acompanhado de uma preposição diferente (para, em, de, por, sob,
sobre). Se essas preposições não se contraírem com o artigo, ou seja, se não
surgirem novas formas (na (s), da (s), pela (s),...), não haverá crase.
Veja os exemplos:
- Penso na aluna.
- Apaixonei-me pela
aluna.
- Começou a brigar. -
Cansou de brigar.
- Insiste em brigar.
- Foi punido por brigar.
- Optou por brigar.
Atenção: lembre-se sempre de que
não basta provar a existência da preposição "a" ou do artigo
"a", é preciso provar que existem os dois.
Evidentemente, se o termo regido não admitir a
anteposição do artigo feminino "a" (s), não haverá crase. Veja os
principais casos em que a crase NÃO ocorre:
- Diante de substantivos masculinos:
Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
Assistimos a espetáculos magníficos.
- Diante de verbos no infinitivo:
A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Estavam a correr pelo parque.
Estou disposto a ajudar.
Continuamos a observar as plantas.
Voltamos a contemplar o céu.
Obs.: como os verbos não
admitem artigos, constatamos que o "a"
dos exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
- Diante da maioria dos pronomes e das expressões de
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de
ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Mostrarei a vocês nossas propostas de trabalho.
Quero informar a algumas pessoas o que está
acontecendo.
Isso não interessa a nenhum de nós.
Aonde você pretende ir a esta hora?
Agradeci a ele, a quem tudo devo.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos
pronomes podem ser identificados pelo método explicado anteriormente. Troque a
palavra feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao,
ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo
indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao
senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao
próprio Cláudio para sair mais cedo.)
- Diante de numerais cardinais:
Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.
Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
- Diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa
de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no
verão.
Ela disse à irmã o que
havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à
saúde.
Este aparelho é posterior à
invenção do telefone.
- Diante da palavra "moda", com o sentido de
"à moda de" (mesmo que a expressão
moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à
(moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
O menino resolveu vestir-se à
(moda de) Fidel Castro.
- Na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez
horas.
Foram dormir à
meia-noite.
Ele saiu às duas horas.
Obs.: com a preposição
"até", a crase será facultativa.
Por exemplo: Dormiram até as/às
14 horas.
- Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas
de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que à escuta
à noite às claras às escondidas à força à
imitação de
à vontade à beça à larga
à chave
às avessas à
revelia à exceção de à toa
à esquerda
às turras às vezes
à proporção que
à direita à
procura à deriva
à luz à
sombra de à frente de
à semelhança de às ordens
à beira de
Crase diante de Nomes de Lugar
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo "a". Outros, entretanto, admitem o artigo, de
modo que diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
preposição "a". Para saber
se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo feminino "a", deve-se substituir o termo regente por um
verbo que peça a preposição "de" ou "em".
A ocorrência da contração "da" ou "na" prova que esse nome de lugar aceita
o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França.
(Vim da França. Estou na França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
Cheguei a Pernambuco. (Vim de Pernambuco. Estou em Pernambuco.)
Retornarei a São Paulo. (Vim de São Paulo. Estou em São Paulo.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
Cheguei a Pernambuco. (Vim de Pernambuco. Estou em Pernambuco.)
Retornarei a São Paulo. (Vim de São Paulo. Estou em São Paulo.)
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver
especificado, ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele
(s), Aquela (s), Aquilo
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a
preposição "a". Por
exemplo:
Refiro-me
|
a
|
aquele
|
atentado.
|
Preposição
|
Pronome
|
Refiro-me àquele atentado.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir
(referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portanto, ocorre a crase.
Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.
O verbo "alugar" é transitivo direto (alugar algo) e não exige
preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir a
preposição "a", haverá crase. É
possível detectar a ocorrência da crase nesses casos, utilizando a substituição
do termo regido feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
O monumento ao qual me
refiro fica no centro da cidade.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a
crase.
Veja outros exemplos:
São normas às quais todos
os alunos devem obedecer.
Esta foi a conclusão à qual ele
chegou.
Várias alunas às quais ele
fez perguntas não souberam responder nenhuma das questões.
A sessão à qual assisti
estava vazia.
Crase com o Pronome Demonstrativo "a"
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo
"a" também pode ser detectada pela
substituição do termo regente feminino por um termo regido masculino. Veja:
Minha revolta é ligada à
do meu país.
Meu luto é ligado ao do
meu país.
As orações são semelhantes às
de antes.
Os exemplos são semelhantes aos
de antes.
Aquela rua é transversal à
que vai dar na minha casa.
Aquele beco é transversal ao
que vai dar na minha casa.
Suas perguntas são superiores às
dele.
Seus argumentos são superiores
aos dele.
Sua blusa é idêntica à
de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao
de minha colega.
A Palavra Distância
Se a palavra distância estiver especificada,
determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo:
Sua casa fica à
distância de 100 quilômetros daqui. (A palavra está determinada.)
Todos devem ficar à
distância de 50 metros do palco. (A palavra está especificada.)
Se a palavra distância não estiver especificada, a
crase não pode ocorrer. Por exemplo:
Os militares ficaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância.
Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
Observação: por motivo de
clareza, para evitar ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja:
Gostava de fotografar à
distância.
Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à
distância.
Casos em
que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
- Diante
de nomes próprios femininos:
Observação:
é facultativo o uso da crase diante de nomes próprios femininos porque é
facultativo o uso do artigo. Observe:
Paula é
muito bonita.
|
Laura é
minha amiga.
|
A Paula
é muito bonita.
|
A Laura
é minha amiga.
|
Como
podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes
próprios femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes
formas:
Entreguei
o cartão a Paula.
|
Entreguei
o cartão a Roberto.
|
Entreguei
o cartão à Paula.
|
Entreguei
o cartão ao Roberto.
|
Contei a Laura
o que havia ocorrido na noite passada.
|
Contei a Pedro
o que havia ocorrido na noite passada.
|
Contei à Laura o que havia ocorrido na noite
passada.
|
Contei ao Pedro o que havia ocorrido na noite
passada.
|
- Diante
de pronome possessivo feminino:
Observação:
é facultativo o uso da crase diante de pronomes possessivos femininos porque é
facultativo o uso do artigo. Observe:
Minha
avó tem setenta anos.
|
Minha
irmã está esperando por você.
|
A minha
avó tem setenta anos.
|
A minha
irmã está esperando por você.
|
Sendo
facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos,
então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Cedi o
lugar a minha avó.
|
Cedi o
lugar a meu avô.
|
Cedi o
lugar à minha avó.
|
Cedi o
lugar ao meu avô.
|
Diga a sua
irmã que estou esperando por ela.
|
Diga a seu
irmão que estou esperando por ele.
|
Diga à sua irmã que estou esperando por ela.
|
Diga ao seu irmão que estou esperando por ele.
|
- Depois
da preposição até:
Fui até a praia.
|
ou
|
Fui até à praia.
|
Acompanhe-o até a porta.
|
ou
|
Acompanhe-o até à porta.
|
A palestra vai até as cinco
horas da tarde.
|
ou
|
A palestra vai até às cinco horas da tarde.
|
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